27 de mai. de 2018

Glocal na cozinha

Dentro dos atos do Cook and Travel Fest, teve uma mesa redonda sobre o "Glocal" (palavra usada para falar da união do Global com o Local) na culinária.

Conduzidos pelo Josep Sucarrats (diretor da revista Cuina), os participantes foram o Adam Martín (jornalista), a Dominique Heathcote (cozinheira), o Òscar Gómez (jornalista e blogger), o Joel Serra (criador da app Papalosophy) e a Núria Bàguena (divulgadora gastronômica).


O Adam Martin inicio a sessão mencionando a quinoa. Esse ingrediente, agora considerado um superalimento, é o paradigma do produto que tem que nos fazer reflexionar sobre as nossas escolhas alimentares, pois elas têm repercussões a muitos níveis: o preço da quinoa nos países de origem (aonde é produto básico), ficou mais caro a causa da demanda mundial, assim que o boom da quinoa fez que muitas zonas tenham problemas para adquirir alimentos básicos; além disso, tem que se considerar a impressão ecológica do seu transporte, quando, por benefícios, poderiamos encontrar perto alimentos similares.

A Dominique, como é inglesa, foi perguntada sobre como mudou a comida no país dela. Afirmou que em 15 anos melhorou a alimentação na Inglaterra, um lugar com uma gastronomia própia, com uma particularidade: foi absorvindo pratos, receitas e procedimentos do exterior.

Relacionado com as duas intervenções anteriores, o Òscar explicou que o valor dado à culinária tradicional vai mudando com as gerações: os jovens a vão valorar de um jeito diferente a nós, de forma como nós o fazemos diferente aos nossos pais. As modas, além disso, passam, pas sempre vão deixando alguma coisa. O perigo é como se faz a absorção cultural de novos produtos e preparações.

O Joel, quem tem uma plataforma que sirve para que estrangeiros possam comer na casa de gente local, falou que se preparam pratos típicos, mas que os anfitriões vão oferecendo pratos diferentes ao que os turistas esperam, adotando receitas de fora. Ele vem da Nova Zelândia, aonde nasceu, e da Austrália, aonde cresceu, países muito novos sem cultura gastronômica, aonde tem uma mistura culinária produto das diferentes migrações que tiveram.

A Núria Bàguena (descobrimento pesssoal: um prazer a escutar e aprender dela!) falou dos mercados como ponto de entrada de novidades. Defendeu que a culinária dum lugar não é nem uma receita nem um produto, mas o simbolismo que uma coisa tem. Por exemplo, os canelone, que na Itália são um prato mais, mas na Catalunha são um símbolo de festa e comemoração, assim é como os canelone entram a formar parte do ideário tradicional da culinária catalana.

O Josep fez uma intervenção muito certa: na atualidade, muito do starsystem da culinária na Catalunha não pratica uma cozinha de raízes catalanas. Verdade!

A Núria terminou falando que temos um corpus de culinária catalana, mas que não está bem feito, pois falta um trabalho de campo assim como um inventário das receitas. Ah! E que uma receita não se pode seguir de jeito literal, pois a culinária não é matemática (os produtos não sempre têm o mesmo gosto; a farinha não sempre tem o mesmo grau de humidade...) e se o for, perderia-se muito valor cultural: por exemplo, os canelone de festa têm coisas em comum, mas são particulares de cada casa.

E a última intervenção do Adam foi para defender a culinária tradicional: é um dique de contenção para frear os uniformizadores como McDonald's ou Burger King.

Nenhum comentário:

Postar um comentário